Síntese feita a partir do livro:
Lusted, D.
(org.). The media studies book: a guide for teachers. Londres:
Routledge, 1991.
Linguagem - O
educador deve demonstrar que, no texto midiático, é a linguagem que produz
sentido e não uma suposta expressão por si só. Deve-se mover da ideia de
transparência (isto é, de que os significados são óbvios) para uma abordagem
analítica e questionadora. Na prática, deve-se separar a “denotação” (a
descrição dos elementos que compõem um texto e da ordem em que esses elementos
estão dispostos) da “conotação” (a interpretação que emerge dos arranjos
específicos da linguagem).
Estruturas narrativas
- Ao se compreender o modo como a ordem é restabelecida numa história de
ação ou como o final feliz é descrito numa novela, o estudante pode ser
instigado a desvendar os meandros ideológicos das narrativas das quais gosta. O
distanciamento provocado e os exercícios propostos pela análise estrutural
podem trazer à tona aspectos sutis que passam despercebidos sobre, por exemplo,
incoerências, fatos importantes que foram negligenciados ou passaram como
simplesmente naturais ou inevitáveis.
Instituições de mídia
- Segundo Raymond Williams instituição é um nome dado para uma ação ou um
processo que se repete e, em certo estágio, torna-se um conceito geral e
abstrato, passando a descrever algo aparentemente objetivo. Nesse ponto, as
instituições se tornam ideológicas, e cabe ao pensamento crítico refazer o
percurso histórico, do processo inicial à abstração, trazendo à tona relações
de poder. Nesse sentido, o maior poder de um grande grupo de comunicação reside
na possibilidade de arregimentar pessoas que trabalhem em seu favor, numa
situação incerta e precária, que pode mudar, por exemplo, em função de
políticas públicas regulatórias, inibidoras do crescimento exagerado das
companhias, criando outras oportunidades de emprego, distribuindo o poder e
promovendo equilíbrio.
Audiência –
refere-se “aos “usuários de mídias” — que fazem o uso de certas maneiras, e não
de outras. Pode designar um grupo de pessoas socialmente reunidas, em silêncio,
assistindo a um espetáculo ou ouvindo um discurso, ou o oposto: uma multidão
espalhada, amorfa e passiva, que consome entretenimento menor pela TV, em
locais privados. Traz também a ideia de falta de senso crítico e de ausência de
atividade mental do público. Tais descrições sustentam ao menos duas ordens
genéricas de valores: a mensagem como todo-poderosa e a audiência vulnerável;
os espectadores como todo-poderosos e a mensagem como praticamente incapaz de determinar
crenças e comportamentos. Entre esses dois extremos, há um ponto de equilíbrio
que relaciona as estruturas do texto e as comunidades interpretativas, levando
a uma interpretação dialética do comportamento da audiência.
Representação - de
um modo geral, transita entre dois extremos, que vão da concepção de espelho e
fidelidade, à ideia de fantasia e distorção. Entre esses dois pontos, podemos
localizar a representação ligada à ideia de identidade. Estudar criticamente os
mecanismos de representação da mídia tem menos a ver com a denúncia das
supostas ficções traduzidas de realidade e mais a ver com entender de que modo
as convenções criam representações, e como tais representações variam de acordo
com a intencionalidade do produtor e os propósitos do público.
Veja aqui um vídeo em duas partes sobre como aplicar os conceitos-chave em atividades práticas:
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