sexta-feira, 4 de maio de 2012

Conceitos-chave da mídia-educação


Síntese feita a partir do livro:
Lusted, D. (org.). The media studies book: a guide for teachers. Londres: Routledge, 1991.

Linguagem - O educador deve demonstrar que, no texto midiático, é a linguagem que produz sentido e não uma suposta expressão por si só. Deve-se mover da ideia de transparência (isto é, de que os significados são óbvios) para uma abordagem analítica e questionadora. Na prática, deve-se separar a “denotação” (a descrição dos elementos que compõem um texto e da ordem em que esses elementos estão dispostos) da “conotação” (a interpretação que emerge dos arranjos específicos da linguagem).

Estruturas narrativas - Ao se compreender o modo como a ordem é restabelecida numa história de ação ou como o final feliz é descrito numa novela, o estudante pode ser instigado a desvendar os meandros ideológicos das narrativas das quais gosta. O distanciamento provocado e os exercícios propostos pela análise estrutural podem trazer à tona aspectos sutis que passam despercebidos sobre, por exemplo, incoerências, fatos importantes que foram negligenciados ou passaram como simplesmente naturais ou inevitáveis.

Instituições de mídia - Segundo Raymond Williams instituição é um nome dado para uma ação ou um processo que se repete e, em certo estágio, torna-se um conceito geral e abstrato, passando a descrever algo aparentemente objetivo. Nesse ponto, as instituições se tornam ideológicas, e cabe ao pensamento crítico refazer o percurso histórico, do processo inicial à abstração, trazendo à tona relações de poder. Nesse sentido, o maior poder de um grande grupo de comunicação reside na possibilidade de arregimentar pessoas que trabalhem em seu favor, numa situação incerta e precária, que pode mudar, por exemplo, em função de políticas públicas regulatórias, inibidoras do crescimento exagerado das companhias, criando outras oportunidades de emprego, distribuindo o poder e promovendo equilíbrio.

Audiência – refere-se “aos “usuários de mídias” — que fazem o uso de certas maneiras, e não de outras. Pode designar um grupo de pessoas socialmente reunidas, em silêncio, assistindo a um espetáculo ou ouvindo um discurso, ou o oposto: uma multidão espalhada, amorfa e passiva, que consome entretenimento menor pela TV, em locais privados. Traz também a ideia de falta de senso crítico e de ausência de atividade mental do público. Tais descrições sustentam ao menos duas ordens genéricas de valores: a mensagem como todo-poderosa e a audiência vulnerável; os espectadores como todo-poderosos e a mensagem como praticamente incapaz de determinar crenças e comportamentos. Entre esses dois extremos, há um ponto de equilíbrio que relaciona as estruturas do texto e as comunidades interpretativas, levando a uma interpretação dialética do comportamento da audiência.

Representação - de um modo geral, transita entre dois extremos, que vão da concepção de espelho e fidelidade, à ideia de fantasia e distorção. Entre esses dois pontos, podemos localizar a representação ligada à ideia de identidade. Estudar criticamente os mecanismos de representação da mídia tem menos a ver com a denúncia das supostas ficções traduzidas de realidade e mais a ver com entender de que modo as convenções criam representações, e como tais representações variam de acordo com a intencionalidade do produtor e os propósitos do público.

Veja aqui um vídeo em duas partes sobre como aplicar os conceitos-chave em atividades práticas:






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